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Esclarecendo a complexa relação entre restauração florestal e serviços de água

Neste artigo, esclarecem-se os vínculos entre a restauração florestal e os serviços hídricos e identificam-se lacunas na literatura crítica para avaliar os benefícios da restauração florestal na produção de água. Além disso, são discutidas possíveis estratégias para melhorar o planejamento e a implementação da restauração florestal.

Embora a vegetação nativa seja um determinante da manutenção dos ecossistemas aquáticos, a restauração florestal tem sido associada à diminuição da produção e serviços de água em todo o mundo. A aparente desconexão entre as estimativas na literatura e a observação do mundo real reflete a limitação de estudos, métodos e abordagens na captura da natureza complexa das relações entre floresta e água. Pesquisas futuras devem se concentrar em parâmetros hidrológicos além do fluxo anual (como infiltração, recarga de águas subterrâneas e regulação de fluxo) e abranger escalas espaço-temporais mais amplas. Mais estudos empíricos são necessários, especialmente nos trópicos, pois a dinâmica floresta-água nessas áreas é única e pouco compreendida. Preencher essa lacuna é fundamental para melhorar o processo de tomada de decisão relacionado à gestão e governança da água.

Os autores, destacam implicações para a prática como:

  • Uma melhor compreensão dos impactos da restauração florestal nos serviços hídricos (incluindo regulação de fluxo, recarga de águas subterrâneas, reciclagem de precipitação e qualidade da água) é fundamental para definir as áreas-alvo a serem restauradas em todo o mundo.
  • Os impactos da restauração florestal na água variam com o tempo e dependem de onde e como as intervenções de restauração são implementadas. Para projetar a melhor estratégia de restauração, devemos considerar quem se beneficia ou pode ser impactado negativamente por consequências não intencionais nos serviços de água.
  • Ampliar as ações de restauração de ecossistemas é o desafio lançado ao mundo pela Década da Restauração da ONU (2021–2030). Acreditamos que as dimensões hidrológicas podem fornecer um excelente argumento para escalar a restauração, estimulando parcerias em escala regional e global, considerando os beneficiários locais.
Representação do conceito Hydrospace (Ellison 2018), considerando não apenas a montante e a jusante, mas também as interações e relações floresta-água a montante e a jusante do vento. Esta figura destaca os potenciais serviços relacionados à água nas escalas local e regional após a recuperação de uma bacia hidrográfica.

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