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07.08.23

Biocarvão pode trazer ganhos à agricultura

O também chamado biochar é produzido por meio do aquecimento sem oxigênio em fornos chamados pirolisadores de resíduos agrícolas, entre eles espiga de milho, casca de babaçu, arroz e algodão, serragem e restos de madeiras, açaizeiros e dendezeiros. A mesma planta pode gerar materiais com composição química e propriedades próprias. Um artigo de março na Brazilian Journal of Animal and Environmental Research mostrou que o biocarvão feito com Phyllostachys aurea, espécie exótica de bambu, tem teores de carbono mais altos que o de Guadua sp., espécie nativa de bambu, ambas comuns no sul do país.

Em estudos controlados feitos nos últimos 10 anos, essas formulações aumentaram a produtividade agrícola em até 50%, o crescimento das raízes em 30% e o dos brotos em 45%.

Apesar disso, a engenheira ambiental Agnieszka Latawiec, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), ressalta: “O biocarvão não funciona para tudo, sempre”. A eficiência pode variar de acordo com o solo, clima, planta cultivada e forma de aplicação.

Em 2013, ainda na Polônia, ela aplicou biocarvão para adubar milho. A produtividade aumentou 50%, mesmo em solo degradado. Anos depois, no Rio, fez um experimento parecido com milho e feijão em uma fazenda experimental da Embrapa Agrobiologia em Seropédica, interior fluminense. Segundo artigo de fevereiro de 2018 na revista Sustainability, os ganhos de produtividade foram baixos, indicando que os resultados com biocarvão dependem de muitas variáveis.

Com base em seu estudo de campo, Latawiec faz algumas recomendações: “Antes da aplicação em larga escala, convém fazer um teste-piloto, expor as incertezas para o produtor agrícola, rastrear o biocarvão e acompanhar sua capacidade de aumentar a produtividade agrícola e sequestrar carbono, de acordo com uma análise custo-benefício e de ciclo da vida”.

Matéria publicada na Revista Pesquisa FAPESP em agosto de 2023.

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